O Casamento – 1966
O casamento é
um inventário das obsessões mais caras a Nelson Rodrigues. Adultério, incesto,
assassinato e um austero moralismo pontuam suas páginas, escritas em 1966, no
ritmo da encomenda que resultou no primeiro e único romance que o dramaturgo
assinou com o próprio nome. Censurada menos de dois meses depois de publicada,
a obra se passa nas 24 horas que antecedem ao casamento de Glorinha, quando
Sabino, o zeloso pai da moça, se vê atropelado por fantasias e fantasmas
sexuais e sua vida se transforma no campo de batalha entre a força devastadora
dos desejos e a aparente solidez da moral. Sua tragédia é, inevitavelmente,
vizinha da comédia, já que Nelson enche a trama com algumas das tiradas que o
celebrizaram: “Todo canalha é magro!” “Só os profetas enxergam o óbvio.” “Qualquer
um pode ser obsceno, menos o ginecologista.” “Não acredito que uma mulher possa
amar o mesmo homem por mais de dois anos.”