Obras

Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo (Myrna) - 2002

Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo (Myrna) - 2002


É no Diário da Noite, em 1949, que surge o pseudônimo, Myrna. Esta mulher, de duração meteórica, oito meses apenas, causa furor nas páginas do jornal — primeiro no consultório sentimental,“Myrna escreve”, respondendo às cartas de leitores, sobretudo das leitoras, pois Myrna é expert nas questões do coração. E é esta persona que escreve o romance em folhetim A mulher que amou demais, veiculado também no ano de 1949. Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo é uma reunião de algumas das “cartas” desta coluna. Na pele de Myrna e de Suzana Flag, vemos aflorar um escritor que “fisga” seu leitor, sem constrangimento, perambulando tanto pelos caminhos de uma sensibilidade ímpar quanto espreitando o clichê mais banal. É essa a literatura de Nelson Rodrigues — feita de grandes mulheres. Suas personagens femininas são sempre fortes: amam, sofrem, traem, desejam, se submetem, conquistam ou “se deixam perder”. As mulheres de Nelson dão e são o ritmo, a voz narrativa de sua liturgia.

 

Trecho do livro:

Há, em amor, um problema sem possi­bilidade de solução: — o do ciúme. Quem ama sente, fatalmente, ciúme. Com ou sem motivos. Isso tem sido assim através dos tempos. Muita gente diz: — “Ciúme é falta de confiança.” Seja e não importa. Na minha passagem pelo mundo, venho constatando o seguinte: os amorosos que têm confiança não são amorosos. Ou, pelo menos, não conhecem, ainda, o amor. Ob­servei, também, o seguinte: — quem ama desconfia, sempre.

(Trecho do texto “É uma delícia o ciúme sem motivo”)



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Sobre

Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, o quinto filho de uma família de catorze. Quando tinha três anos, seu pai, Mário Rodrigues, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, capital da República. O combinado era que tão logo encontrasse trabalho, chamava a família para ir a seu encontro. Maria Esther, sua esposa, não agüentou esperar. Em 1916, empenhou as jóias e mandou um telegrama para o marido, já avisando do embarque naquele mesmo dia. Nelson conta, nas "Memórias" publicadas no "Correio da Manhã", que se não fosse a atitude da mãe, o pai jamais teria permanecido no Rio.