Obras

A Vida Como Ela É... Em série - 2012

A Vida Como Ela É... Em série - 2012


Neste A vida como ela é... em série são apresentadas narrativas que vieram a público em cole­tâneas não mais disponíveis no mercado ao lado de outras que Nelson Rodrigues publicou em capítulos seriados, como pe­quenos folhetins. Pode-se dizer então que esta recolha de­sempenha uma dupla função: a de disponibilizar todos os textos dessa célebre coluna que em algum momento pas­saram do jornal para as pági­nas dos livros, nesses sessenta anos de tanto sucesso; e a de trazer o novo de novo, divul­gando pela primeira vez cinco das narrativas mais extensas de “A vida como ela é...”, his­tórias em capítulos que com certeza deixaram nos leitores da época um gostinho de que­ro mais e vão despertar nos de hoje a emoção de quem expe­rimenta a leitura de uma prosa de excepcional qualidade.

 

Trecho do livro:

 

— Sei que, de uma maneira geral, todo mundo toma um banho só. Mas eu não vou atrás de conversa, não. Tomo dois, no mínimo. Quando faz calor, três. Até quatro. Não tolero cheiro de suor, nem em mim, nem nos outros. Palavra de honra!

O noivo bufa:

— Quatro banhos?

Confirmou:

— Sim senhor: quatro. Num clima como o nosso, um banho é pouco. Não dá.

Ele explodiu:

— Ora, Detinha! Tira o cavalo da chuva! Tu achas, talvez, que eu vou passar o dia todo, as vinte e quatro horas do dia, debaixo do chuveiro? Achas que eu não tenho mais nada que fazer senão tomar banho? Gozado!

A pequena ia replicar, quando foi chamada na cozinha. Deixa o noivo na varanda e atende. Peçanha, ainda impressionado, pragueja, interiormente:

— Ora pipocas!

 

(Trecho do conto “Banho de noiva”)



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Sobre

Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, o quinto filho de uma família de catorze. Quando tinha três anos, seu pai, Mário Rodrigues, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, capital da República. O combinado era que tão logo encontrasse trabalho, chamava a família para ir a seu encontro. Maria Esther, sua esposa, não agüentou esperar. Em 1916, empenhou as jóias e mandou um telegrama para o marido, já avisando do embarque naquele mesmo dia. Nelson conta, nas "Memórias" publicadas no "Correio da Manhã", que se não fosse a atitude da mãe, o pai jamais teria permanecido no Rio.