Críticas

Asfalto Selvagem

Matéria de 01/07/1964


O filme apesar dos cortes tem motivos de atração para o grande público. Com ritmo de crescente interesse dá ao espectador uma boa imagem da sociedade corrompida de nossos dias. O esplendor falso das aparências, a moral caolha estão bem estampados. Jece Valadão, Fregolente e Odilon são os melhores. Do naipe do filme salientamos a estreante Vera Viana, uma autêntica revelação. Os cuidados técnicos dispensados a esta produção de Richers patenteiam que sob este ângulo muito tem avançado nossa indústria cinematográfica. Soube o diretor J. B. Tanko, conduzir com acerto a história de Nelson Rodrigues, um talento que, se enveredasse por caminhos menos sensacionalistas, poderia prestar inestimáveis serviços às películas brasileiras. Sem falso puritanismo o que deploramos é a insistência dos assuntos de exploração sensual no nosso cinema, criando uma platéia viciada a esses temas. Ótimo seria que argumentos edificantes fossem também preparados neste período de reação do chamado cinema novo nacional. "Asfalto Selvagem", proibido até 21 anos (não sabemos como estão se arranjando para exercer fiscalização os diretores de cinema...) tem marcado êxito de bilheteria. É realista, reflete muitas verdades e, quando o vimos, logo sentimos o dever de reconhecer os seus méritos.



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Sobre

Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, o quinto filho de uma família de catorze. Quando tinha três anos, seu pai, Mário Rodrigues, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, capital da República. O combinado era que tão logo encontrasse trabalho, chamava a família para ir a seu encontro. Maria Esther, sua esposa, não agüentou esperar. Em 1916, empenhou as jóias e mandou um telegrama para o marido, já avisando do embarque naquele mesmo dia. Nelson conta, nas "Memórias" publicadas no "Correio da Manhã", que se não fosse a atitude da mãe, o pai jamais teria permanecido no Rio.