Críticas

Ah, as mulheres de Nelson Rodrigues!


 A colegial que se dirige alegremente ao bordel para ser estopim de tesão vacilante dos velhos. A socialite que provoca uma curra nos matagais da Barra. A tijucana frágil, mimada e virgem apaixonada até os ossos pelo imenso negro cobrador de ônibus. A mulher casada que inventa bofetadas do marido para ter a barba do ex-namorado arranhando seus ombros em tardes de adultério. A profissional do sexo capaz de levar o viúvo santarrão a gozar doze vezes gritando o nojo recalcado contra a defunta repressora e frígida. A que rouba o namorado da irmã. A que seduz o cunhado dentro de casa e chantageia o próprio pai. A que se apaixona pelo noivo da filha. A que não admite o recuo do homem casado que se acovarda depois da primeira cantada. A que transa com o irmão pensando que é primo. A que transa com o filho do marido. Mulheres que transam com mulheres, se este for o objeto da paixão. Mulheres que entregam seu corpo em troca de um olá, bom dia, como vai.

 

Mulheres que matam e morrem por homens potentes. Mulheres que destroem homens que não tem coragem para o sexo. E, às vezes, são destruídas.

 



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Sobre

Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, o quinto filho de uma família de catorze. Quando tinha três anos, seu pai, Mário Rodrigues, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, capital da República. O combinado era que tão logo encontrasse trabalho, chamava a família para ir a seu encontro. Maria Esther, sua esposa, não agüentou esperar. Em 1916, empenhou as jóias e mandou um telegrama para o marido, já avisando do embarque naquele mesmo dia. Nelson conta, nas "Memórias" publicadas no "Correio da Manhã", que se não fosse a atitude da mãe, o pai jamais teria permanecido no Rio.